domingo, 25 de julho de 2010

Arigatou

A caneta deslizava sobre o papel. Os pensamentos longes. Não sabia o que escrevia, e pouco importava, para ser honesto. Estava no lugar errado, na hora indevida. Naquele momento, deveria estar dentro de uma sala, visando o futuro e refletindo sobre as palavras dos sábios professores. Porém, não era aquilo que me ocorria. Sentado frente a uma pequena sede de uma empresa qualquer, a qual minha memória falha, rabiscava um caderno com paciência, aguardando por algo que me tirasse do profundo transe. Os olhos possuíam um misto de marejar de lágrimas com o brilho de esperança. Seja como for, pouco influía. A imagem em minha mente era sempre a mesma. Um rosto. Uma face recentemente conhecida, que insistia em martelar-me a mente de tal maneira que me instigara a ali estar. Era a primeira vez em que eu faltava à aula sem um motivo justificável. Estava ali sem propósito. Apenas para reorganizar meus pensamentos. Ou organizá-los, já que estes não estiveram antes organizados. Um nome, um rosto, uma expressão, uma conversa, um telefonema. Como coisas tão pequenas poderiam causar tamanho sentimento? Um sorriso. Ah, este sim era o provável causador de tal aflição e confusão. Um sorriso belo, tímido e infantil. Visto poucas vezes. Visto apenas um dia. Afinal, a pessoa a qual ele pertencia, aparecera-me no dia anterior pela primeira vez. Coincidências, destinos, conversas, telefonemas, revelações, conseqüências. Como um dia podia gerar tanta coisa? Uma vida parada, que em apenas um dia toma um rumo tão distinto. E o nome voltava a questionar-me. Por quê? Como? Não sabia responder. Não queria. Apenas desejava continuar sentindo aquilo que pela primeira e única vez sentia. Alguns chamam de paixão, outros, já usufruem do termo amor. Admiração, desejo. Muitos nomes, para apenas um sentimento. Um gostar, um fascinar. Um apaixonar-se.

Hoje, vejo tudo o que tal sentimento me proporcionou. Muitos pensam que, gerado tanto sofrimento, eu deveria tentar esquecer os fatos. Mas estes não sabem que, em minha mente, sobrepõe um pensamento único. Preferir o vazio à felicidade acompanhada da dor era a última hipótese a qual eu escolheria recorrer. Quando me recordo, apenas dois sorrisos me vêem em mente, e em face. Sorriso este o qual meus lábios insistem em exibir, e sorriso o qual, espero com toda a sinceridade, estar estampado em uma face por mim conhecida.

Talvez o sentimento não mais exista. Talvez seja forte o bastante para resistir por toda a eternidade, porém sendo moldado de diferentes maneiras. Como saber? Há a possibilidade de nunca mais ver seu rosto. E hoje, peço que aceite meu ‘Obrigado’. Obrigado por ter sido tão especial e ter influenciado tanto em minha evolução.

Não escrevo isto por ter qualquer sentimento antigo sobre você, e sim por que, estas são palavras as quais sempre quis desferir, e que, agora, me bateu a vontade de escrevê-las. Não sei o que sente ou deixa de sentir por mim, e nem quero que me responda se não for de sua iniciativa o fazer. Como disse, este é apenas um pequeno emaranhado de palavras de agradecimento. Obrigado por ter marcado minha vida.