domingo, 29 de maio de 2011

Broken Mirror


Olhos cerrados. Boca impenetrável. Respiração continua. Audição gasta, e tato, dormente. O movimento das pálpebras lhe parecia dolorido e exaustivo. Frente ao espelho, uma figura mórbida, com o olhar imerso em profunda incompreensão. A mente, difusa em pensamentos confusos, a busca de uma explicação, de um por quê. Aquele olhar agora subistituia uma visão narcisista que há algum tempo, simplesmente desaparecera. O orgulho, a satisfação. Por onde eles andam? Por que fugiram, escapando de seus dedos antes tão firmes e seguros? Arrogante. Um termo antes muito escutado permanecia a ser dirigido, mesmo que apenas por culpa de uma máscara deficiente. Os olhos corriam pela face, encontrando todos os defeitos que causavam nojo naquela criatura. Por que estes formatos? Por que estas cores? Por que não redondo, menor, puxado, claro, escuro, áspero ou liso. Por que nada se encaixava no perfil tão idealizado? E por que não se encaixavam, se antes, lhe eram mais que apropriados? Porém, a resposta de tantas perguntas, gritava de dentro de sua alma. Ele não percebia? Não era sua aparência que o incomodava, e sim, algo que insistia em apunhalar seu peito, dias e mais dias. Mas como descobrir o que? Como perguntar a um órgão frágil, por que ele lhe causa tanta dor? Medo, frustração, anseio, passado, futuro? O que? Por quê? Creio que o jovem não queria saber disto. Seu desejo era apenas passar por aquilo, rejuvenescer, voltar à pequena e limitada visão do mundo. Aquela, por mais que mais desnorteada e ingênua, estava protegida do mundo ao seu redor. Protegida da realidade que, ao mesmo tempo doce, podia ser amarga. Muito, amarga.

Ser uma criança, presa em uma torre e longe da realidade, iludida em seu universo inferior, ou conhecer todas as verdades, e não conseguir se orgulhar de si mesmo depois de vê-las frente a frente?

Seus dedos largaram o teclado calmamente. Não podia mais digitar o resto de seu desabafo sem sentido. Afinal, sempre que escrevia algo, gostava de aprofundar em seu início, meio, e final, mas este, este ele não conhecia o final. Pois nem ele, sabia responder a tantas perguntas.

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